Eu nem mesmo vejo mais as coisas tristes, não é possível pungir a falta que elas têm.
Tudo aconteceu sem que eu notasse, quando percebi já estávamos distantes, éramos dois desconhecidos e não restava mais nada para nos sustentar.
Então, veio o fim, as conversas, despedidas, choros, confissões veladas... Então veio o silêncio, os questionamentos, e por fim a verdade final (ainda cheia de lacunas)...
Hoje é tudo leve. Por certos momentos o meu peito se comprime, fecha-se num desconforto repentino... Mas no geral o que ele sente é o vazio do amor que achou que sentia e que, hoje, viu que não passava de um disfarce para o tédio do inverno.
Era acostumado à companhia, a estar-se cercado pelos rumores de um amor que cresceu ouvindo ser seu. Mas veio a quebra dos laços, o rompimento súbito, e, de súbito, veio o medo da solidão. Aí é que surgistes. Como um campo de lírios em clarão no meio de uma selva desconhecida... E o coração, antes acostumado à companhia, fez-se acreditar em tua presença como de semelhante importância. E de certa forma foste-nos companhia, minha e dele, mas não passou de um ledo engano!
O inverno aproxima as pessoas, sente-se falta do calor dos corpos, das mãos dadas, os abraços, a cumplicidade dos lençóis. E não passou disso. Até mesmo os planos da Casa Lilás com cachorros e livros não passaram de um adendo à ideia inicial de um relacionamento. Não se sustentou nas bases iniciais.
Fomos felizes? Talvez...
Quem sabe nos frios dias do inverno rigoroso... Mas, não resistimos ao verão!
O calor das nossas diferenças tornou insuportável a proximidade, e nos afastou indiscriminadamente a cada dia, e não cessou até que cessássemos nós...
Fomos errados? Talvez...
Acertamos nos frios dos dias de inverno, mas não resistimos ao verão!
O verão com suas agonias mornas e melancolias suadas frouxou a liga – frágil desde sempre – que nos mantinha juntos por caminhos semelhantes em algumas partes.
Fomos namorados? Talvez...
Enamoramo-nos pelo frio dos dias de inverno, mas não resistimos ao verão...
Ânderlo Strwsk
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